segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Utopia

É o que se pode ler na base do copo que eu trouxe cá para casa à algum tempo.
O mais incrível é que descobri isso hoje, enquanto escrevia este post! Magia?!
No seu livro de 1516, Thomas More descreve um suposto encontro seu com o seu amigo Peter Gilles e um velho marinheiro português chamado Raphael Hitlodeu. Durante as suas viagens Raphael visitou uma ilha muito particular chamada Utopia, sendo que o conteúdo deste livro se centra no retrato desta sociedade.
"Mas, caro More, para exprimir claramente o que penso, direi que enquanto houver propriedade privada e enquanto o dinheiro for o padrão de todas as coisas, não creio que uma nação possa ser governada nem com justiça nem com felicidade: nem com justiça porque, as coisas melhores cairão nas mãos dos piores homens; nem com felicidade, porque todas as coisas serão divididas entre poucos. Mesmo estes poucos, não conseguem ser verdadeiramente abastados, enquanto que o resto deles é completamente miserável."
Neste lugar não existe dinheiro ou propriedade privada. Todos trabalham, mas apenas o tempo necessário, sendo sempre que possível decretados dias de trabalho mais curtos, para que os habitantes tenham mais tempo para desenvolver as suas mentes ou divertir-se. Homens e mulheres fazem todo o tipo de trabalhos independentemente da sua formação. Todos vestem o mesmo tipo de roupa lisa. Não usam jóias, os metais preciosos são considerados brinquedos para crianças... Enquanto More houve a descrição de Rafael, percebe-se que ele próprio oferece resistência à aceitação dos princípios do estilo de vida utopianos, tal como todos nós oferecemos sempre alguém questiona o nosso modo de vida, ou cultura. Eu acredito que nos dias de hoje poderíamos viver de maneira muito diferente, para melhor claro. Há muita gente nesta altura com muito boas ideias apoiadas inclusivamente pela ciência. O problema neste momento está apenas dentro de cada um de nós.
Após Thomas More, a palavra utopia foi adoptada em todas as línguas europeias e empregue sistematicamente, tornando-se com o tempo num género literário. Livros como este têm como função inspirar-nos para a mudança social.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Quem é o Charlie Veitch?

A secção About do site da Love Police é composta apenas por um texto que começa da seguinte maneira: "Esta é uma biografia escrita por mim por isso vou ser aberto e honesto". Charlie descreve a sua vida privilegiada desde a sua infância, nutrida com amor familiar incondicional. Viveu em vários países em todo o mundo, tendo que se adaptar e reinventar sempre que o seu pai encontrava outro trabalho na indústria do petróleo. Interessado pela natureza das coisas e da realidade, começa aos 17 anos estudos de filosofia na Universidade de Edimburgo. No entanto, "Algo estava sempre em falta. Havia alguma verdade que eu senti que nenhum dos professores ou tutores eram capazes de me dar". Após a graduação, passou 7 anos de fato e gravata num escritório como consultor financeiro, "Este foi o meu período de serviço no mundo ilusório do controlo hierárquico, ganância, medo e hipnose sistemática". Nesta altura distraia-se com mulheres e drogas ao fim de semana, férias exóticas e passa-tempos divertidos. "Estava a viver meia-vida, e ninguém estava mais consciente disso do que eu". Com a ajuda da "demolição controlada do sistema monetário mundial" ficou sem emprego a 1 de Maio de 2009, e a partir daqui estava finalmente livre para poder fazer aquilo que queria. "Comprei uma câmara porque tive algumas experiências em que fui espiritualmente inspirado por pessoas do mundo real e pensei "Se posso fazer o mesmo para os meus companheiros, então quero partilhar com eles o melhor que sei", e os vídeos espirituais nasceram. Chamamos-lhes espirituais, chamamos-lhes humanísticos, chamamos-lhes políticos, algumas pessoas ainda lhes chamam comédia, embora nem sempre sejam divertidos. O que tento ter em conta enquanto faço este trabalho é ser honesto e guiar-me pelas minhas crenças de que nada deveria ser escondido."

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

The Love Police

Ou como se diz num orgulhoso português A Polícia do Amor. É uma força composta apenas por dois homens e não são precisas muitas palavras para dizer o que fazem: baixam os níveis de medo e sobem os de amor. Como?

Isto é mais uma resposta contundente a todos os que pensam que nada pode, ou está a ser feito.
Devem ter reconhecido o Danny, o outro é o Charlie Veitch.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Gentes

Há algumas semanas atrás conheci o Bob.
Um homem que já faz parte da mobília num canto muito particular de Hide Park chamado speaker's corner. Trata-se de uma zona onde, desde o final do século XIX, é permitido a qualquer pessoa falar, debater e discutir publicamente. Perguntei-lhe o que é que queria dizer com a sua mensagem ao peito "Isto vai piorar". Falou-me do desemprego, da destruição dos ecossistemas por parte das indústrias e do controlo exercido sobre os cidadãos pelo governo. Quando chegamos a esta parte da conversa, o homem levanta o braço e aponta para uma grua que estava lá ao lado e pergunta-me "Vês até onde chega o controlo?", "Sabias que Londres é a cidade mais vigiada do mundo?" No topo da grua estava, como podem ver, uma câmara.
Depois da longa conversa com o Bob fiquei a saber que aquele canto já viveu melhores momentos. "As pessoas já não querem saber", dizia-me ele depois de me ter mostrado muito entusiasmado um livro sobre os oradores mais marcantes dos últimos 50 anos.
Quando cheguei a casa tentei procurar informação sobre o Bob na net. Descobri um site de venda de postais, alguns deles muito bons, onde ele é capa num deles. Saltou-me também à vista uma fachada que me era familiar.
Sim, tinha lá passado pouco tempo antes. Posso dizer-vos que a câmara não existe no local, tratando-se de uma montagem, mas a ideia é excelente.
No decorrer das pesquisas encontrei no Wikipédia informação sobre o speaker's corner. Para minha surpresa, quem é que aparece como exemplo de orador frequente?
Conheçam o Danny."Não acreditem em ninguém incluindo eu" é o que diz o poster que transporta, reflectindo o absurdo do que se passa nas nossas ruas.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

1984

Não é só o melhor ano de sempre por eu nessa altura ter nascido :) é também o nome de um dos mais famosos romances de George Orwell. A história passa-se no "futuro" ano de 1984 na Inglaterra, parte integrante do mega bloco da Oceania. A transformação da realidade é o tema principal do livro. Disfarçada de democracia, a Oceania vive um totalitarismo desde que o Partido chegou ao poder sob a batuta do omnipresente Grande Irmão (Big Brother). O autor mostra como uma sociedade oligárquica colectivista é capaz de reprimir qualquer um que se opuser a ela. A história narrada é a de Winston Smith, um homem com uma vida aparentemente insignificante, trabalha no Ministério da Verdade e tem como função perpetuar a propaganda do regime através da falsificação de documentos públicos e da literatura a fim de que o governo esteja sempre correcto no que faz. Smith fica cada vez mais desiludido com sua existência miserável e começa uma rebelião contra o sistema.
"1984 não era suposto ser um manual de instruções"

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Ensaio Sobre a Lucidez

É um romance de José Saramago.
«Num país indeterminado decorre, com toda a normalidade, um processo eleitoral. No final do dia, contados os votos, verifica-se que na capital cerca de 70% dos eleitores votaram branco. Repetidas as eleições no domingo seguinte, o número de votos brancos ultrapassa os 80%.» Uma das piores hipóteses para um sistema que se diz democrático, a rejeição total de todas as propostas eleitorais, é ponto da partida para uma especulação sobre o sistema político, o seu carácter democrático ou antidemocrático, a cegueira do povo - ou a sua repentina lucidez. Uma esperança? Quem conhece a obra de José Saramago saberá que o romance não oferecerá com certeza respostas óbvias ou fáceis, embora as reacções das autoridades nesta situação romanesca sejam absolutamente previsíveis: Em vez de se interrogar sobre os motivos que terão os eleitores para votar branco, o governo decide desencadear uma vasta operação policial para descobrir qual o foco infeccioso que está a minar a sua base política e eliminá-lo. No seu conjunto, as acções governamentais vão no sentido da manutenção do poder, a qualquer preço.

"As grandes decisões são tomadas numa outra esfera e todos sabemos qual é!" Um circuito fechado de Todos Poderosos que, tal como no seu romance, tudo farão para se manterem no poder.