Passou pouco mais de uma semana desde que cheguei à capital do império. Durante este tempo cruzei-me já varias vezes com grupos manifestantes solidários com as revoluções que têm acontecido nos países do norte de África. Houve, no entanto, uma delas que me captou mais a atenção, fez-me reflectir e pesquisar sobre o assunto. - Mas o Uganda pertence a África central! - pensei eu na altura. Tratava-se de um pequeno grupo com megafones e cartazes com mensagens como "Help to end genocide, military government and corruption by the dictator Museveni in Uganda" e "The right to vote is a human right". Outra coisa que me veio imediatamente à cabeça foi o grande filme, de um realizador que me desperta cada vez mais interesse chamado Kevin Macdonald, O Último Rei da Escócia. Esta película é baseada em acontecimentos que ocorreram neste país durante o reinado do brutal ditador Idi Amin nos anos 70. - Mas ainda há ditadura no Uganda?! - O wikipedia diz-nos que não, claro. E acrescenta que Yoweri Museveni esteve envolvido na guerra que destronou Idi Amin em 79, e na rebelião que deu origem à demissão de Milton Obote em 85. Desde essa altura que Museveni se mantém à frente de um país que em 2006 teve as suas primeiras eleições multipartidárias em 25 anos. Mas isto sucedeu apenas depois da ameaça por parte da Suécia, Holanda e Reino Unido com o corte das relações económicas.
No decorrer das minhas pesquisas encontrei uma notícia do The Guardian de 2 de Dezembro de 2009, onde Paul Collier, professor de economia da universidade de Oxford, especialista em governação em países de baixo rendimento, fala em "maldição dos recursos" atendendo às notícias de Agosto desse mesmo ano que relatam a descoberta de petróleo no Uganda. Na sua análise diz que "os recursos naturais não só corrompem os processos políticos no sentido óbvio do ganho financeiro ilícito para uns poucos (frequentemente instigados pela ganância corporativa global) mas também afectam profundamente a relação entre políticos e votantes". Segundo este senhor, a chave para a salvação do Uganda, assim como para a todos os outros países nesta situação, passaria pela transparência dos negócios com as companhias petrolíferas, algo que não seria muito difícil se os governantes optassem pela adesão à Iniciativa para a Transparência das Industrias Extractivas, lançada por Tony Blair em 2002. Esta iniciativa tem por um lado o apoio político, técnico e financeiro dos países (entenda-se empresas) ricos, ou exploradores. E do outro lado os países pobres, ou explorados, onde se situam geograficamente os recursos. No momento em que esta notícia foi escrita, a organização tinha aprovado os seus dois primeiros membros: Azerbaijão e Libéria. Analisando o site da organização constata-se que neste momento, isto é, cerca de um ano e meio após a entrada dos primeiros, contam-se já 11 membros validados e 24 candidatos, sendo que infelizmente o Uganda não faz parte de nenhuma destas listas.
Pah.. mas é lógico!! Os poços de petróleo estão lá a ganhar teias de aranha!! Nenhuma empresa teria o descaramento de tentar fazer negócio com um ditador. Nenhuma empresa iria passar por cima das boas(?) intenções do governo de Blair.
É um facto. O poder das grandes corporações é maior que o poder dos estados, quer queiramos, quer não.
Pah.. mas é lógico!! Os poços de petróleo estão lá a ganhar teias de aranha!! Nenhuma empresa teria o descaramento de tentar fazer negócio com um ditador. Nenhuma empresa iria passar por cima das boas(?) intenções do governo de Blair.
É um facto. O poder das grandes corporações é maior que o poder dos estados, quer queiramos, quer não.
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