domingo, 20 de novembro de 2011

Desmontando compilações I

Nos últimos anos, têm proliferado na internet documentários sobre o estado actual da sociedade. São feitos por gente com provas dadas ao nível do jornalismo ou simplesmente por pessoas anónimas como eu e tu. Vários temas são abordados de formas muito distintas, são apresentados diferentes argumentos, no entanto, a conclusão é sempre a mesma: Há algo de muito errado com o nosso mundo. Estes trabalhos são muitas vezes uma compilação de material já existente na rede, e há aqueles poderosos trechos que são uma constante em quase todas as películas. Uma das mais usadas fontes é o filme Network de 1976.
Howard Beale é um pivot veterano de uma estação de televisão perto da ruína. Num acto de desespero para impulsionar as audiências é-lhe comunicado que será despedido dentro de duas semanas. Desolado com o caminho que a sua vida seguiu, o apresentador anuncia em directo que se vai suicidar no seu último programa. As audiências sobem e convenientemente é-lhe concedida a liberdade de continuar.

O sucesso é tão grande que os directores orquestram um programa especialmente para ele onde Beale se queixa e grita sobre os problemas do mundo.

Este último trecho contém um discurso mítico do presidente do concelho da estação UBS sobre as verdadeiras leis que governam o nosso mundo nos dias de hoje.

Não vou contar-vos como acaba o filme, apenas vos direi que há um enorme paralelismo a vários níveis entre este filme e o tão aclamado livro de George Orwell, 1984. Ambos os trabalhos são profecias e isso vai ficando mais claro à medida que o tempo passa. Algumas averiguações...
Do wikipédia: "em 2000 o filme foi seleccionado para ser apresentado no Registo Nacional de Filmes dos Estados Unidos pela Libraria do Congresso como sendo "culturalmente, historicamente, ou esteticamente significativo". Em 2002, foi aconselhado no Mural da Fama dos Producers Guild of América como um filme que "estabelece um padrão duradouro para o entretenimento dos E.U.A". Em 2006, o texto de Chayefsky chegou aos 10 primeiros lugares na tabela dos melhores guiões da Writers Guild of America, East. Em 2007, o filme ficou em 64º lugar entre os 100 melhores filmes Americanos escolhidos pelo American Film Institute, um ranking superior ao obtido 10 anos antes."
Do thefilmexperience.net (por exemplo): "Foi nomeado para 10 Prémios da Academia em 1976 e ganhou apenas 4: Melhor Actor (Peter Finche), Melhor Actriz (Faye Dunaway), Melhor Actriz Secundária (Beatrice Straight) e Melhor Guião (Paddy Chayefsky)."
Não deixa de ser irónico que este filme tenha perdido os prémios para melhor montagem, melhor direcção e melhor filme para... hhuuuuummmm ... aquele... como é que se chama ... Rocky.
São incontáveis as vezes que assisti aos mesmos filmes de merda na televisão durante a minha infância e adolescência. Vi este filme pela primeira vez no mês passado pela net.

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